Artigo

Um ciclo que já vai tarde

Escrito por

Luiz Philippe de Orleans e Bragança

A teoria de ciclos existe desde a Grécia antiga, e vários autores recorreram a ela para estabelecer padrões históricos. Em 1918, Oswald Spengler conseguiu prever, ao analisar ciclos históricos de longuíssimo prazo, situações políticas que acontecem nos tempos atuais. O livro de minha autoria, “Por que o Brasil é um país atrasado?”, menciona o Kyklos de Platão, aprimorado por Políbio, e um ciclo brasileiro que se formou durante as tentativas de se estabelecerem repúblicas ao longo do século 20, alternando o poder de populistas e oligárquicos. 

Entender o padrão que se repete no início e no final das cinco grandes etapas históricas nos últimos 2.500 anos pode servir de prelúdio para nosso futuro. Em síntese, o início de cada ciclo é virtuoso e o fim, repleto de vícios. Os três primeiros ciclos se caracterizaram pela ascensão e queda do Império Greco-Romano. A primeira etapa começa com a criação das cidades-estado, os primeiros reis e termina com a tirania de Iságoras, um magistrado corrupto e imoral que servia mais aos espartanos que aos atenienses.

O 2º ciclo iniciou com a República Romana,  a criação do direito, da democracia – direta e descentralizada – e a incorporação de Atenas e demais cidades do Peloponeso e da Europa. No final de 400 anos, a corrupção no senado era tanta que o soldo do exército foi para o cofre dos senadores. A república se tornou uma oclocracia, ou sena, um governo de facções.  No 3º ciclo, surge Otaviano, primeiro imperador romano por aclamação, iniciando um ciclo virtuoso de estabilidade, separação de poderes, unificação e grandes campanhas militares, mas a divisão e o enfraquecimento promovidos tanto pelo cristianismo como pelo ditador Diocleciano fez surgir novas diretrizes. O Império Romano entra em colapso e surge o Império de Cristo: a Idade Média.

No 4º ciclo, 5d.C., emerge uma nova primavera civilizacional: a dos reinos cristãos. Durou mais de mil anos, e foi marcado pelos valores cristãos, reis e territórios abençoados pela Igreja, expansão marítima e da cristandade, nascimento de Impérios.  Em contrapartida, ao final , novas ideias foram introduzidas por meio da burguesia e de levantes populares. A revolução Gloriosa, na Inglaterra, no século 17 e as revoluções norte-americana e francesa no século 18 vieram para materializar ideias nascidas nos séculos anteriores. A fé foi substituída por lógica e raciocínio.  A decadência total foi protagonizada por Napoleão, um usurpador jacobino que tiranizou toda a Europa, invadiu reinados, aprisionou reis e coroou-se imperador usando os mesmos rituais cristãos reservados a famílias reais fundadoras. Os reinos cristãos ocidentais que sobreviveram nunca mais foram os mesmos.

Estamos no 5º ciclo, que começou com um modelo republicano legitimado por constituições, separação de poderes, proteção dos direitos dos cidadãos e representação pelo voto. Como fundamento da república surge a figura do cidadão, indivíduo livre e com direitos universais. Há valorização da nação, do bem comum e da civilização. Hoje estamos no final desse ciclo:  a burocracia petrifica a sociedade, cidadãos foram convertidos em consumidores. Assim como Napoleão, o deboche marca o final deste ciclo: a eleição de criminosos no comando absoluto de cidadãos.

O Brasil recentemente elegeu seu equivalente a Isagoras, da Grécia, mas não só aqui. Diversos países repetem esse padrão na América Latina, América do Norte e Europa, esse padrão se repete: um títere tirânico e corrupto é eleito para controlar cidadãos e servir a interesses externos: Biden, Macron, Trudeau e vários líderes da atualidade. 

Só uma sociedade organizada consegue derrubar a tirania, mas para que isso aconteça precisamos de cidadãos com consciência do momento em que vivemos.  Sabemos o que está por vir se a sociedade não se organizar e voltar a se mobilizar.       

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