Luiz Philippe de Orleans e Bragança

Sender Gleiwitz, Opinião Pública e a Mídia Livre no Brasil

Na noite de 31 de agosto de 1939 grupos armados da SS alemã, travestidos de soldados poloneses, realizaram uma série de ataques ao longo da fronteira com a Alemanha.

Torre da Rádio Sender Gleiwitz, na Alemanha. À esquerda foto original da época e à direita foto da torre nos dias de hoje.

Dentre cerca de duas dúzias de incidentes daquela fatídica noite, certamente o mais conhecido foi o da torre de rádio alemã de Sender Gleiwitz. O ataque à rádio foi realizado por agentes alemães disfarçados de nacionalistas poloneses. Em decorrência dessas duas dúzias de ataques, Hitler ordenou na manhã do dia 01 de setembro, o dia seguinte, a invasão da Polônia. Foi o que fez eclodir a Segunda Guerra Mundial.

A Gestapo (polícia secreta nazista) chegou ao ponto de matar alemães anti-nazistas da região para usar seus corpos como falsa evidência de que uma agressão polonesa maior estava por vir. A legenda da foto abaixo diz: “representantes da imprensa estrangeira convencem a si mesmos, na hora, das atrocidades polonesas cometidas contra minorias alemãs (esquerda, ao fundo, Mr. Occhsner da United Press)”.

Para o ativista de plantão fica óbvio o paralelo desse incidente com o incêndio do Reichtag em 1933. A criação de uma falsa crise para se se obter uma reação imediata não é novidade, e serviu de modelo para vários atos subversivos dos revolucionários vermelhos no mundo todo desde então.

Incêndio do Reichstag na noite de 27 de fevereiro de 1933, ocorrido um mês após a posse de Adolf Hitler como Chanceler da Alemanha.

Mas a pergunta que todo analista deve fazer é a seguinte: se a Alemanha já vivia uma ditadura absolutista, por que se deram o trabalho de criar um falso ataque para justificar a invasão da Polônia no dia seguinte? Por que não simplesmente invadir a Polônia, como era o desejo de Hitler e outros do Partido dos Trabalhadores alemão?

Região dos supostos ataques poloneses contra o território e nacionais alemães em 1939.

A resposta simples é por causa da “opinião pública”. Sim, mesmo em uma ditadura a opinião pública é relevante.

Numa ditadura a opinião pública é conduzida por propaganda política. Quando não alimentada de fatos e versões através da mídia controlada, a opinião pública forma sua própria versão dos eventos, e isso é perigoso para os regimes.

O alto comando alemão sabia que opinião pública alemã seria contrária a um ataque unilateral contra a Polônia, mas apoiaria a retaliação a um ataque externo. A narrativa que a Polônia era uma ameaça só seria validada com FAKE NEWS.

Quanto mais autoritário o regime, maior o volume de propaganda política controlada pelo Estado. Um regime naturalmente legítimo, mesmo que não democrático, não requer qualquer propaganda política, e a mídia não é controlada por nenhuma agência de Estado.

Pois bem, considerando essa importante lição, vejamos o Brasil de hoje:

  1. Nossa mídia depende de permissões para operar através de concessões do Estado;
  2. Nossa mídia é financiada através do BNDES e demais bancos do Estado;
  3. Nossa mídia é beneficiada através de estatais com fartas receitas que garantem seu sustento;

Propaganda de Estado, num modelo como esse, é óbvia. Não é a toa que o governo anterior despejava milhões em dinheiro do contribuinte em revistas, jornais e blogs simpáticos ao partido.

Em suma, não há no Brasil algo que possa ser denominado como mídia livre. Há em nosso país apenas mídia controlada e dependente do Estado. Desarticular esse modelo de mídia nacional socialista é um prerrequisito para o Brasil do século 21. Não fazer nada a respeito é preservar os maus exemplos do século 20.

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