Artigo

Por uma nova aristocracia

Escrito por

Luiz Philippe de Orleans e Bragança

A burocracia cria entes tecnocráticos, anônimos, desprovidos de compromisso com as ideias formadoras da pátria e da sociedade, assim como não dá sustentação aos mitos fundadores de uma nação. É um mero instrumento que possibilita agir em prol de si e de seus agentes. Já a Aristocracia é justamente o oposto.

 

Na antiga Grécia, a Aristocracia era o governo dos melhores, os que estavam comprometidos com a ideia fundadora de país, da nação, dos valores fundamentais do indivíduo e das famílias que compunham a comunidade. Assim, a Aristocracia tem sua origem na propriedade privada e nos territórios, imbuída do senso de dever e de necessidade de proteção.

 

Na maturidade desse conceito está a criação e a proteção dos símbolos que representam a força dos territórios e das organizações. São os que defendem as constituições, as leis e a ordem e a quem todos os outros membros da comunidade admiram, respeitam e conferem legitimidade.  

 

Elemento fundamental para uma sociedade de sucesso, sem a Aristocracia os cidadãos se perdem na mesmice e na falta de relevância. Mesmo nos regimes comunistas, criou-se um conjunto aristocrático composto pelos césares das grandes burocracias que dominavam a população. Dentro daquele contexto, havia o compromisso de fazer a revolução comunista dar certo, pois seus membros eram os fundadores da nova ideia de nação que eles estavam construindo. A Aristocracia dos governos comunistas vem da guerra revolucionária, já a tradicional cristã tem origem em três pilares: a Igreja, o Exército e a Herança.

 

Por outro lado, a burocracia não é hoje comandada por Aristocratas. Falta a formação aristocrática em todas as instituições que pensávamos ter maior compromisso com o país. Temos o exemplo dos parlamentares e do poder executivo, que perderam credibilidade há muito tempo; Forças Armadas que exercem poder de opressão ou de subserviência, nenhum deles dignos de respeito por boa parte da opinião pública, que certamente não busca neles nenhuma saída para o país.

 

Entretanto, surge dentro da sociedade um novo tipo de aristocracia, não necessariamente vinculada a propriedade privada, a status, a intelecto ou a conhecimento, mas fruto da intuição, da vontade e do compromisso como Brasil, e é para esta nascente Aristocracia que todos devemos tirar o chapéu, porque é um milagre acontecendo. Em sociedades que não tiveram a oportunidade de formar sua Aristocracia com base em origem, herança ou propriedade, surge uma alternativa com base na consciência dos indivíduos.

 

O Brasil precisa de uma Aristocracia, e as instituições brasileiras, nesse sentido, têm que passar muita vergonha, mesmo, porque nelas há poucos que hoje representam a sociedade, seja nos três poderes, seja nos sistemas de controle burocrático exercido sobre a população. É isso que temos de resgatar, ao transferir um pouco dessa consciência que nos faz parte da atual aristocracia, para que ela saia do âmbito particular e individual e alcance toda a coletividade.

 

Luiz Philippe de Orleans e Bragança

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