Um dos maiores medos dos progressistas é a ascensão ao poder de conservadores de maneira propositiva e organizada. Na leitura de alguns desses progressistas, como a base majoritária da sociedade brasileira é conservadora, uma vez que o vínculo entre eleitorado conservador e seu eleito conservador for reestabelecido, ficará difícil rompê-lo de maneira natural. O resultado das ultimas eleições denota o inicio do fim da Era Progressista no Brasil, e a preocupação desses setores.
Para entender essa Era e o ressurgimento do conservadorismo no Brasil, precisamos fazer uma pequena retrospectiva. Desde 1995, com o governo FHC, que idéias progressistas vem galgando espaço no poder público. O discurso propagado pelo PT de que o PSDB era um partido de direita é equivocado, portanto há mais de 20 anos que o Brasil passa por governos progressistas. PT e PSDB não são, entretanto, a mesma coisa, e foi a partir de 2003, no período do governo de Lula até o impeachment de Dilma Rousseff em 2016, que a visão progressista se estabeleceu como hegemônica no Estado, meios de comunicação, universidades e escolas.
A visão de Estado tida pela população é reflexo dessas duas décadas e meia de governos progressistas. O Estado é caracterizado como o responsável por garantir o avanço da sociedade e sem o qual a sociedade retrocederá em preconceitos e intolerância. Segundo os progressistas do final do século XX e início do século XXI, devem ser criadas leis que façam justiça social e busquem atingir igualdade social sempre que possível em todos aspectos da sociedade.
Os progressistas erroneamente postulam que a sociedade conservadora é intolerante e injusta por natureza e que as leis, por terem sido criadas por essa sociedade conservadora, não representam minorias. Essa crença equivocada baseia o argumento a favor da conquista de subsídios, exceções e proteções especiais por lei para grupos ou classes minoritárias, que são vistas como vitória e avanços da sociedade. Ou seja, a criação de uma sociedade progressista justa exige a violação do princípio de igualdade perante as leis.
Essa visão progressista destoa enormemente dos progressistas do final do século 19 e inicio do século 20. Ser progressista naquela época era, acima de tudo, ser favorável aos avanços da ciência e tecnologia, do conhecimento e da troca livre de ideias as limitações impostas por tabus, idolatria e grupos dominantes. Foi durante este período nos Estados Unidos que o voto feminino foi permitido, houve o rompimento com oligopólios e monopólios para garantir a livre iniciativa, e se introduziram mecanismos de democracia direta em diversos estados, tornando assim o sistema mais transparente, representativo e menos dominado por oligarquias. O progressista da época visava leis que garantissem a igualdade a todos, e não o oposto. Nos EUA a Era Progressista foi liderada por princípios liberais, enquanto o progressismo atual é liderado pelo marxismo cultural.
No Brasil progressista de hoje, com as leis a seu lado, cada classe social dita para as demais classes suas reivindicações ao ponto que não há mais uma lei comum a todos. Isso afeta a sociedade brasileira em sua totalidade: todas ações policiais, relações de trabalho, ensino nas escolas, a propriedade privada, o direito de livre expressão e derivados. Vemos no Brasil de hoje como a predileção pelo direito de classes acima dos direitos individuais exacerba a insegurança jurídica, cria instabilidade social e termina por não proteger as minorias que visa favorecer. A ascensão do conservadorismo no Brasil de hoje é fruto dessa instabilidade social e a insegurança jurídica, resultantes do processo de erosão legal e social criado pelos progressistas. Por consequência, vivemos também o esgotamento da hegemonia progressista.
Mas será que o medo dos progressistas é justificável? Veremos um retrocesso nas relações sociais com conservadores no poder? Claro que não. O conservadorismo não é intolerante ou retrógado, é simplesmente natural e evolui conforme as gerações de maneira livre.
É preciso ficar claro que os avanços da sociedade se devem mais em função das ações da própria sociedade, e não pelos mandos e desmandos da legislação. A harmonia social só é sustentável e verdadeira quando construída pela igualdade perante as leis, e não pela busca aflita de uma dita justiça social. Não é só deste aprendizado que o conservadorismo no Brasil ressurge. Ele vem agregado de tudo mais que a sociedade aprendeu com suas experiências nos últimos 300 anos, como deve ser, já que a política evoluí com a sociedade, e não o contrário, como querem os progressistas do marxismo cultural até então no poder.