A maior parte do apoio ao Presidente Donald Trump e à saída do Reino Unido da União Européia, conhecida como Brexit, vem dos eleitores residentes em distritos fora dos grandes centros urbanos. Tanto na Inglaterra quanto nos Estados Unidos, países desenvolvidos, os centros urbanos têm a preferência por pautas e candidatos progressistas ou globalistas, enquanto as zonas rurais optam por candidatos conservadores.
E no Brasil?
No que concerne o resultado da ultima eleição, se observarmos somente o estado de São Paulo, pudemos comprovar uma repetição desse padrão. Os candidatos do PSL mais votados para mandatos na Câmara dos Deputados obtiveram mais votos fora da cidade de São Paulo, cerca de 70% em média.
E o Jair Bolsonaro? Bolsonaro obteve 12.378.012 votos em todo estado. A cidade de São Paulo depositou, no primeiro turno, 2.835.930 votos em Bolsonaro, ou 23% do total de votos do eleitorado paulista em todo estado.
A cidade de São Paulo depositou em Haddad 32% dos votos obtidos por ele em todo estado. Ou seja, quase 80% dos votos para o Jair Bolsonaro em todo estado de São Paulo vieram de fora da cidade de São Paulo. É praticamente a mesma proporção obtida pelos candidatos a deputado federal.
Esta análise exclui as outras unidades federativas, o que possivelmente pode alterar a proporção final em uma análise nacional. Por outro lado, como São Paulo representa o maior colégio eleitoral do Brasil e é um estado diversificado entre industria, agronegócio e serviços, achei pertinente isolar o estado para comprovar a tese.
Se leitor aceitar essa limitação, podemos afirmar que o mesmo padrão se repete em 3 continentes diferentes: Europa, América do Sul e América do Norte. Não é o “progressista vs. conservador” mais do que “urbano vs rural”.
O que pode explicar as origens desse padrão:
1- Há muitas alternativas aos valores tradicionais no centro urbano;
2- Há maior intensidade de politicas sociais e exposição da mídia nos centros urbanos;
3- A alta concentração demográfica no centro urbano cria padrão de comportamento coletivista;
4- O cidadão urbano não tem a percepção pessoal da segurança e direito a propriedade;
5- No centro urbano há menos interdependência entre vizinhos e maior dependência de serviços públicos coletivos anônimos
Essa analise é subjetiva. Contribua com sua observação e novos dados nos comentários.