Sem reputação no mercado farmacêutico, microempresa desembolsa quase R$ 300 milhões para fornecer frascos de imunoglobulina ao Sistema Único de Saúde (SUS)
A Controladoria-Geral da União (CGU) afirmou que irá investigar a denúncia feita pela oposição da Câmara dos Deputados ao governo Lula sobre um contrato de R$ 285,8 milhões sem licitação com uma microempresa de apenas um funcionário. De acordo com reportagem do jornal Metrópoles, o contrato prevê o fornecimento de 293,5 mil frascos de imunoglobulina humana usada para a imunidade de pacientes com doenças como a síndrome de Guillain-Barré.
De autoria do deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP), a representação questiona a capacidade da empresa em prestar o serviço ao Executivo, já que conta com um funcionário e é considerada desconhecida pelo mercado farmacêutico. Com o nome de Auramedi, instalada em uma casa em um centro empresarial de Aparecida de Goiânia (GO), a empresa assina o contrato como representante da chinesa Nanjing Pharmacare.
“Nos chama a atenção um contrato milionário ter sido firmado sem passar pelos crivos de uma licitação pública e, além disso, não ter reputação no mercado farmacêutico. Como se não bastassem todos esses aspectos, a empresa tem apenas um funcionário. Isso não tem cabimento. Precisa ser rigorosamente investigado”, denuncia Bragança.
A asiática Nanjing é representada, no Brasil, pela Panamerican Medical Supply, cujo sócio é Marcelo Pupkin Pitta, empresário preso em 2004 e em 2007 na Operação Vampiro. “Coincidência ou não, a referida operação investigou uma suspeita de fraude em licitação no Ministério da Saúde em contrato de compras de medicamentos, incluindo imunoglobulina. A CGU precisa ser contundente nessa apuração e nos dizer a verdade”, frisou o deputado.